terça-feira, 21 de setembro de 2004

Corrupção!!!

Quem disse que não havia corrupção na Dinamarca? De certeza que não viram aquilo a que eu acabei de assistir.

Lembram-se daquelas reuniões em que temos aí na Faculdade para aprovarem o Relatório e Contas da Associação de Estudantes, que se desenrolam com uma assistência de meia dúzia de gatos pingados, que por sinal até são todos amigos do PRLESIDENTE (numa sexta-feira à tarde, se possível)!!! Pois bem, como não poderia deixar de ser, aqui a dimensão é completamente diferente.

Estávamos há pouco na cantina, descansadinhos da vida, quando começaram a entregar uns pequenos dossiers (em Dinamarquês) mas que rapidamente percebemos serem uma espécie de Relatório de Contas. Sinceramente, acho uma excelente ideia realizarem estas reuniões durante o almoço, pelo menos existe garantia de quorum mais que suficiente. Mas (e há sempre um mas), a melhor parte destas reuniões é mesmo o início. Não sei se o relatório estava assim tão mau, mas o que é certo é que no início, os tipos ofereceram de tudo: revistas, vales de descontos, cerveja, vinho, tudo... Melhor, o Director da Faculdade também deu uma palavrinha e aquilo parecia a coisa mais normal do mundo. Vim embora antes da reunião acabar, mas de certeza que as contas foram aprovadas por unanimidade!!!

Ao contrário do que tinha previsto, esta semana não fui à Legoland mas sim a Copenhaga. Foi tudo muito rápido, só decidi na sexta à tarde, mas valeu bem a pena. Fomos uns 10: portugueses, espanhóis e franceses mas não há cá cunfias com os nuestros hermanos, tudo em Inglês “Ó faz favor”. Os franceses são muito porreiros, mas não há dúvida que os gajos não nasceram para falar inglês. Vocês não conseguem imaginar o quão difícil pode ser para eles dizer simplesmente “The water!”. Tentando explicar o que sai da boca deles, diria que é qualquer coisa parecida com: “Ze uatérr”. É espectacular, melhor do que isso, só mesmo ouvir dois dinamarquese tentando emitar os Olson Brothers (uma espécie de Trio Odemira cá do sítio, mas ainda em actividade) inalando hélio, como quem respira a 150 BPM.

Em Copenhaga, ficamos a dormir num Hostel, uma espécie de Pousada da Juventude, mas um pouco pior. O preço foi de cerca de 17 Euros, o que para o nível da Dinamarca até se pode considerar bastante acessível, mas as regalias também não foram muitas. Tivemos direito a uma cama (com colchão), um tecto, balneários e muita risota! As pessoas estavam todas lá para a mesma coisa: “Desde que não apanhe chuva nem vento, o saco cama faz o resto”. Falei com uns mexicanos que já andavam em viagem há mais de 2 meses, penso que a vida deles devia ser só isso. Eu cá, fiquei na penthouse. Trocando por miúdos, no último piso dos beliches para três pessoas. Dado que não havia qualquer tipo de protecção, ainda pensei em amarrar os cintos do saco cama à volta da cintura, mas decidi arriscar. Afinal de contas, os dois pisos inferiores estavam ocupados por duas meninas, uma francesa do meu grupo e outra miúda qualquer; até podia ter as suas vantagens. Pela primeira vez, vi alcatifa no tecto. Azul, e com estrelas e tudo. Formidável!

Ontem decidi arriscar, coloquei tomate no arroz, foi um ataque de loucura. Mas tenho que dizer que ficou bem bom e até acho que estou a melhorar de dia para dia. Ainda me falta um pouco para chegar ao nível “Minha Mãe”, mas pelo menos já consigo evitar que o arroz cole no fundo. Sou grande!

Vou à minha vida, ainda não recuperei da viagem. No regresso, ainda que tenhamos regressado nos super rápidos comboios dinamarqueses, não tivemos lugar para toda a gente, e por isso foi muito cansativo. Ainda tive que fazer os trabalhos todos do fim de semana na noite de Domingo e na manhã seguinte, mas é claro que depois de ter o calo das Fichas de Betão, tudo agora parece uma brincadeira para putos.

Cumprimentos para todos!

João Plácido

P.S. – Os meus pais vêm cá daqui a duas semanas. Acreditam que o palhaço lá de casa não quer vir? Anda para aí a dizer que tem um jogo ao qual não pode faltar. Se o virem, podem dar-lhe uma sarda por mim.

P.S. 2 – Então Ana? Quem é o desaparecido agora? Eu bem te disse que não ia ser fácil...

P.S. 3 – Ao que me parece, todos vocês também têm muito trabalho. Deve ser para dar o devido uso às bombas que existem agora nas salas de computadores. Aqui também não me posso queixar, os ratos são todos ópticos e algumas salas até têm gravadores de CD Plextor!!!

P.S. 4 – Vou tentar colocar algumas fotos. Isto não parece muito difícil, mas como tem que ser feito no portátil, demora uma eternidade.

P.S. 5 – O que é que se faz a uns calções que ficaram com relva cravada durante umas duas semanas? Estupidamente, tentei lavá-los na máquina, mas quando os tirei até pensei que a máquina estava avariada. Mesmo lavando à mão, duvido que tenham solução. Parece que vou criar um novo estilo: “O estilo de roupa: Filhos da Mulher do Skip, depois de se rebolarem na lama do quintal”